quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

IdenTidaDe DoCenTe

MaNiFeStO ConCisO Da DoCêNciA

Nosso ofício é também uma arte. Somos artistas, pois a inspiração é uma das fontes do fazer docente. Assim como aqueles (os que “dão vida” a uma obra usando da inspiração, dispondo de matéria bruta, da concepção de como fazer, das ferramentas e por fim experimentam o êxtase da realização) trabalhamos em prol de uma obra que gere satisfação, uma satisfação que vá além do famoso "Parla !" de Michelangelo. A nossa satisfação tem viés de altruísmo porque se realiza no sucesso do outro (o aluno).

No entanto, quando é colocado que somos também artistas não significa que sejamos portadores de um dom especial, ou ainda, que tenhamos uma essência transcendental miraculosa e que flutuemos no éter como seres fabulosos de luz e cores. Tampouco fazemos parte de uma minoria, de uma elite, iluminada que acredita ser detentora das soluções e redentora da sociedade; ou ainda, que na condição de elite deva usufruir de regalias e privilégios especiais em detrimento do restante da sociedade. Definitivamente nós não somos o suprassumo de coisa alguma.

Na nossa identidade de artista está a fusão do menestrel, do contador de histórias, do poeta, do escultor, do ator, do cantor, do pintor, do pesquisador, do escritor, do cientista, do cartunista e de todo aquele que busca estimular o gosto pela cultura e o pelo conhecimento.

E o que somos ?

Somos denominados professores por grande parte da sociedade, de educadores pela mídia, de docentes por nossos pares e de mestres pelos admiradores. Entretanto, renegamos o rótulo de ensinadores e outros mais criados para deslocar ou minimizar o papel do docente no processo de ensino-aprendizagem; pois estes são herdeiros dos sofistas da Grécia antiga, que viam na educação uma oportunidade de auferir vantagens e fazer negócio; mas não educar.

Diante disso, veementemente rejeitamos qualquer tipo de enlace ou ligação do nosso ofício com o sofismo com a qual nos querem rotular.

Também, nossa atuação não se resume ao espaço da escola. Portanto se faz necessário que continuemos a produzir e divulgar apreciações, opiniões e análises baseadas na realidade da educação, valorizando os acertos; mas principalmente apontando e alertando para as medidas de cunho inócuo cujo interesse corre à margem das reais necessidades da educação pública. É esse o papel do intelectual, e ser intelectual é um outro aspecto da nossa identidade docente.

Assim, exercitemos a nossa intelectualidade – que pressupõe isenção, racionalismo, leitura crítica da realidade e compromisso com o real, o legal e não com o conveniente (ainda mais nos tempos atuais onde há forte cooptação dos corações e mentes por especialistas em educação que pululam por toda mídia bombardeando o cotidiano da sociedade com opiniões na imensa maioria das vezes desconectadas dos reais problemas da educação e tornando a discussão - que deveria ser politizada - partidarizada, empobrecida e tendenciosa. Ou ainda, quando não procuram dourar a pílula da crise na educação pública emitem opiniões muito mais centradas em exercitar o autoelogio e buscam atenuar as responsabilidades do poder público).

Então, diante de um cenário tão pouco promissor – distópico até - é necessário marcar qual é a nossa posição diante daquilo que está posto.

Marcando posição e a deixando em total evidência declaremos que Somos da Contracultura !

Somos da contracultura porque não compactuamos com aquilo que querem impor às gerações futuras e a atual de que elas não podem usufruir de uma educação pública de qualidade, e por consequência, estão destinadas a ocupar cargos menores na sociedade.

Somos da contracultura porque entendemos que a ganância individual não pode substituir a realização pessoal; nem que a competição desleal e traumática deva prevalecer sobre disputa ética e em igualdade de condições e oportunidade; ou ainda que a vantagem individual sobrepuje a necessidade do coletivo.

Somos da contracultura porque não abrimos mão da nossa condição de formadores de pessoas que buscarão pensar criticamente a sua realidade, e não de simples exércitos de mão de obra ou massa de manobra da politicagem.

Somos da contracultura porque não buscamos o conforto das conveniências e do silêncio vergonhoso que provoca comodismo e covardia.

Somos da contracultura porque acreditamos que as pessoas valem mais que números em estatísticas falaciosas e tendenciosas, que valorizam as ações paliativas tão em voga na gestão da educação pública.

Somos da contracultura porque entendemos que educação não é um negócio; mas sim um assunto de Estado por ser interesse de toda sociedade.

Somos da contracultura porque nos tempos atuais a função social do docente tem sido inferiorizada, menosprezada e obscurecida na sua importância devido a emergência de novas "atribuições" e "funções" na sala de aula e no processo de ensino-aprendizagem, que favorecem muito mais ao sofismo do que a educação. 
Pois enquanto o ensino sofista apreende o aluno por ver nele um clientea verdadeira educação liberta porque enxerga no aluno um cidadão e não meramente um consumidor.

Somos da contracultura porque entendemos que a formação do docente pressupõe, também, a formação de um intelectual, e como intelectuais de nosso tempo é dever nosso denunciar tudo aquilo que pretender limitar e eliminar direitos conquistados nas lutas (banhadas por suor, lágrimas e até mesmo por sangue) das gerações passadas em benefício da atual e das futuras gerações, sem contudo estarmos fechados ao novo ou ao aperfeiçoamento.
Para isso devemos alertar e dar suporte à sociedade para que se corrijam as distorções e manipulações que são praticadas na gestão pública por interesses contrários ao objetivo primordial da educação pública : ser universal, gratuita e de qualidade.

Somos da contracultura !!!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

REFLEXÕES e PERSPECTIVAS

Bom, primeiro gostaríamos de registrar que 2014 (principalmente como reflexo do que ocorreu em 2013) foi um ano bastante previsível no que tange ao embate entre as forças que buscam transformações e aquelas que buscam solidificar o atual estado das coisas como estão na educação pública estadual.

Parte desse cenário pode ser atribuída à opção do professorado em permanecer parte em cima do muro (leia-se apoiando o status quo) e parte pulverizada nas diversas formas de oposição – inclusive durante o processo eleitoral.

Resultado, perdemos dos dois lados; pois não desenvolvemos força de pressão para abrir linhas de negociação junto à situação, nem tivemos coesão para sermos notados como uma força política a ser considerada e ouvida.

Não cabe aqui ficar tecendo lamentos, mas ainda bem que o fatídico (2014) está encerrando seu expediente.

Seguindo com a nossa prosa, o ano assistiu ao enorme salto quantitativo (mas não qualitativo) nos índices da educação da rede pública estadual no ranking nacional, chegamos ao 4º lugar (Noossaaa !!!); ao enrijecimento das sanções contra professores e a ampliação dos ataques ao direito de representação - enquanto trabalhadores – com as tentativas de introjetar nos docentes dúvidas quanto à legitimidade da atuação do SEPE. Por último, durante o processo eleitoral as forças da situação consideraram o professorado como um “cachorro morto”, enquanto para os outros atores políticos passamos a ser visto como uma incógnita.


Em outras palavras, no período de oito anos (para ser mais justo, quatro anos) o Estado do Rio de Janeiro saiu, em 2009, da penúltima posição do IDEB (26º) – fazendo uma pequena escala na 15º posição em 2011 - para figurar entre as cinco primeiras posições nacionais (4º) em 2013. Para muitos, o que ocorreu foi uma grande demonstração da competência do sistema público estadual de educação. Para outros tantos, a ausência de uma explicação crível para tamanho avanço em tão curto espaço de tempo e sem que medidas fundamentais estivessem em pleno vigor sugerem a intervenção de forças sobrenaturais (milagre?!?!?).

Ficamos com ambas as posições, acreditamos que houve uma grande demonstração da competência em “trabalhar” com números aliada a uma intervenção de forças além da compreensão comum (já que foi um salto muuiitooo significativo sem que nas salas de aulas – durante esse período -  tivesse sido notadas a aquisição de medidas básicas que favorecessem a relação ensino X aprendizagem [exemplo marcante a superlotação das salas]). Acrescentamos, ainda, outro fator para explicar tamanho salto, alguns dos outros Estados da federação não aumentaram seus índices. Isto é permaneceram congelados nas suas posições “idebísticas” anteriores.

KIT  AVANÇO NO IDEB.
Finalizando essa prosa (sobre o “avanço” no ranking nacional) dou razão à lógica estabelecida por um colega da região dos lagos que registrou o seguinte: Já que avançamos tanto no ranking nacional, a rede toda está de parabéns e diante da política meritocrática (que premia o rendimento) estabelecida pela GIDE seria de bom tom que TODOS os professores da rede recebessem premiação pelo descomunal avanço conseguido no ranking do IDEB.

É por essas e outras que o happy hour faz bem a alma. Rsrsrsrsrs...

Tomemos outro assunto, as sanções, que foram a prova mais clara do quanto o status quo não entende o que é direito de greve, já que judicializou; ameaçou; suspendeu pagamentos; promoveu perseguições e fez “cair” a origem de muitos docentes que simplesmente exerciam o direito de greve. Surge então a pergunta que não quer calar, como formar cidadãos em uma rede escolar que tolhe o direito do professor de exercer sua cidadania?

A ação deliberada da SEEDUC/RJ teve duplo objetivo : punição e o estabelecimento de um novo patamar nas relações entre a gestão da rede e os docentes que insistem em exercer um direito, o da greve. A SEEDUC/RJ pesou a mão, pois, sabe que o professor “amarra” os seus dias e horários para todo um ano letivo, e que a desconfiguração dessa grade de horários causa transtornos incomensuráveis na vida do profissional.

O que aconteceu pode temperar com fel a nova relação.

E por falar (escrever) sobre atitudes pouco dignas, a SEEDUC/RJ engendrou uma trama na qual buscou outorgar uma nova representação de classe no melhor estilo estadonovista (vai ver inspirados pelos sessenta anos de Vargas morto), inclusive com viés psicológico (tipicamente fascista [eu sei o que é melhor para os docentes]).

No que tange ao resultado das eleições, ele trouxe uma falsa ideia de chancela do professorado ao atual rumo da gestão da educação publica estadual. Mas as coisas não são bem assim não. Na verdade, o resultado só mostra o quanto a peleja vai ser mais encarniçada para os professores que ainda insistem em uma educação publica estadual de qualidade (com profissionais dignamente remunerados e reconhecidos e uma rede que priorize muito mais o qualitativo que o quantitativo e o processo que necessariamente o resultado).

Finalizando.

Esforço para honrar aqueles que nos inspiraram.
Já faz um tempo que a SEEDUC/RJ aprendeu que as contentas com o professorado é uma luta de conquista de corações e mentes. Por isso, ela passou a tomar a iniciativa na mídia propagandeando medidas de “valorização do professor” logo no início do ano (tem sido uma constante desde 2011). Esperem os matutinos do início de 2015 para confirmar.

Ainda na luta pelos corações e mentes, a SEEDUC/RJ aprendeu a judicializar todas as questões referentes às justas reivindicações dos docentes, tornando um direito em ato criminoso e irresponsável aos olhos da população e dos tribunais. Tudo isso sendo agravado pela operacionalização da mídia fabricando um falso consenso contra os docentes junto à opinião pública.

Por último, a SEEDUC/RJ buscou solapar a legitimidade da luta por melhorias na educação pública estadual no seio do próprio professorado ao antecipar-se as paralisações (liberando o famigerado auxílio cultura para desarticular o movimento) e/ou fabricando pretensos dissensos na classe quanto à legitimidade da representação docente enquanto categoria de trabalhadores (SEPE X UPPES+SEEDUC/RJ).

Por isso, meus amigos, estejamos atentos à síndrome da valorização do resultado quantitativo  (pensamento único; engessamento pedagógico; desconsideração com quesitos básicos da relação ensino-aprendizagem e do fazer docente) em detrimento daquelas questões básicas e fundamentais para a educação e a escola pública estadual.
Conforme sempre colocamos, bom seria se cada escola (e com isso cada metro) competisse contra si mesma; pois cada avanço conseguido posteriormente refletiria mais o qualitativo que o quantitativo, e muito mais o processo que o resultado em si. Eliminaria os riscos de manipulações ? Não. Mas seria muito mais crível (tudo isso sem a necessidade de medidas meritocráticas).

Mas isso significaria autonomia pedagógica; gestão democrática da escola e mudanças significativas no cotidiano escolar, ideias que vão de encontro ao modelo atualmente estabelecido de condução da educação pública estadual. Ou seja, a educação pensada como política de governo e não como política de Estado.

Além disso, para acirrar/ encarniçar e endurecer ainda mais a luta dos professores por uma educação pública de qualidade em 2015, a SEEDUC/RJ contará com um aliado de peso; pois teremos como ministro da educação aquele mesmo senhor que – quando era governador – asseverou como “grande conhecedor” da luta por uma educação pública de qualidade: "Quem quiser dar aula faça isso por gosto, e não pelo salário. Se quiser ganhar melhor peçademissão e vá para o ensino privado."

segunda-feira, 12 de maio de 2014

A QUEM INTERESSAR POSSA

Primeiramente queremos frisar bem (a fim de que não pairem dúvidas a respeito) que sempre fomos; somos e seremos pela defesa do docente. E justamente para continuar honrando esse compromisso é que expressaremos nossa opinião sobre a greve deflagrada a partir de hoje, 12/MAI/2014.

Um breve retrospecto é necessário para a perfeita e completa compreensão da nossa decisão de não aderir ao movimento.

Ainda no 1º semestre do ano de 2013, abriu-se a campanha salarial que culminou nas fatídicas sessões da ALERJ, quando o professorado foi obrigado a “engolir” 8% de aumento que na verdade seriam 7%; mas que graças  “benevolência” do presidente da ALERJ (vocês sabem quem) os 7% foram acrescidos de mais 1%.

Na época, os deputados da base governista simplesmente esvaziavam (saiam de fininho) a sessão impedido a votação de índices maiores (existiam propostas de 12 a 25%) e sabem por quê ? Por que as galerias estavam tomadas por professores. Ou seja, existia pressão.

No entanto, a desarticulação do professorado (desarticulado porque era mal liderado) permitiu que a ALERJ votasse e aprovasse, de supetão, o índice que o governo queria,  os 8%.

Depois dessa “bola entre as pernas” os professores “dormiram no ponto” mais uma vez quando em junho daquele ano ocorreram as manifestações organizadas a partir das redes sociais. Você perguntará: Mas qual é a relação possível entre elas ? Havia como prever as passeatas de junho?

A relação é a má condução das ações e a falta delas no que tange às passeatas.

Explicando, no mês anterior haviamos dado um alerta durante assembleia realizada no clube Hebraica de que a liderança deveria estar atenta aos movimentos nas redes sociais, a fim de capitalizar e capitanear iniciativas que manifestassem a insatisfação da classe com a política educacional do governo estadual (principalmente porque muitos professores novatos na rede eram mais atuantes nos fóruns das redes sociais e, portanto um excelente filão para ser mobilizado em ações através delas).

Contudo nossa advertência/alerta foi tomada como sugestão e mesmo como sugestão foi desdenhada, o que demonstrou pouquíssima visão da liderança da classe (sem contar que naquela época as CNTP’s* para uma greve estavam mais do que postas; mas já se ouvia a ladainha da famosa “correlação de forças”).

Ainda, para os que possuem boa memória, a fim de solapar a intenção de greve no 1º semestre, o governo liberou - na data da assembleia realizada no clube Hebraica - o tal bônus cultura de R$500,00.

Pois bem, nada de greve no 1º semestre de 2013.

No 2º semestre entramos em greve, mas muito mais “seduzidos” pela entrada dos colegas da rede municipal (assembleias com 5 a 6 mil presentes, atos e passeatas com 4 a 5 mil docentes), que há anos não entravam em greve; do que realmente por nossas próprias demandas e crença na nossa capacidade de mantermos um movimento com nossas próprias pernas (lembram-se do dado novo ?).

Mas é importante não esquecer que nossos colegas do município assim que receberam uma sinalização de compromisso do governo municipal em atender as suas demandas votaram pela suspensão da greve; e só retornaram quando – novamente – perceberam que o governo municipal não adotaria os compromissos (Enquanto isso, o professorado estadual permaneceu e só saiu após o acordo de Brasília).

Cabe ressaltar que não estou pregando a insensibilidade ou a falta de solidariedade dos colegas da rede municipal. Sequer pensei nisso.

Mas, antes quero reafirmar que os professores da rede estadual devem andar com suas próprias pernas e não devem atrelar suas decisões (que devem ser baseadas nas sabidas carências da rede estadual) a conveniências e estratagemas. Ou o que é pior ainda, fiar-se em cenários movediços de um ano eleitoral quando a politicagem é revelada em sua plenitude.

Retomando, naquela ocasião os colegas da rede municipal agiram legitimamente em defesa de seus interesses e, na previsão de que esses interesses seriam – teoricamente – satisfeitos, eles então saíram do movimento grevista. Da mesma forma, visando os seus interesses, retornaram ao movimento assim que perceberam o logro da parte do governo municipal.

Portanto, andaram com suas próprias pernas e atrelaram suas decisões às suas carências e não a outra coisa que não fosse de interesse próprio dos professores da rede municipal.

Continuando a exposição dos fatos em retrospecto, a certa altura do período de greve já havia uma percepção nossa de que algo estava muito “fora da ordem” e começamos a pensar em uma saída honrosa para o professorado. Uma saída que preservasse o principal agente transformador e defensor da educação pública estadual, o docente dessa rede.

Quando começamos a pensar isso ?

Quando nossas assembleias começaram a ser realizadas  longe do centro da cidade (inúmeras vezes propusemos assembleias a céu aberto [ali mesmo no centro] para na sequência entramos direto em passeata pelas ruas); quando as assembleias passaram a ser iniciadas tardiamente (previstas para as 14h; mas começando às 15h45 quase 16h e terminando em horários que inviabilizavam a ida às ruas) e quando passamos a perceber que as idas à ALERJ (não esqueçamos que havia um acampamento de professores da rede estadual instalado nas lá nas escadarias [que caiu no esquecimento]) passaram a ser preteridas em relação às idas ao Palácio Laranjeiras e à Rua Da Ajuda (idas que se mostraram infrutíferas; pois o governador esbravejava aos quatro ventos que não sentaria à mesa para negociar – daí vem a busca quase frenética por intercessores e mediadores que foi empreendida pela direção do movimento [situação que ficou notória com a entrada em cena do ministro Fux]). Ir ao Santo Cristo então, sequer era cogitado.

Ato contínuo ao pensamento de dar término ao movimento foi a votação pelo fim da greve sob a perspectiva de preservar o principal patrimônio dessa luta, o professor.

Na época publicamos no blog que o acordo não era o ideal tampouco o esperado; mas dentro da nossa perspectiva ele abria novas frentes e sinalizava com soluções para impasses. Ainda, é muito importante registrar que o acordo só não foi melhor por conta da falta de habilidade, ou interesse, em melhor negociar de quem estava lá em Brasília. 

Portanto, optamos pelo pragmatismo diante daquilo que era engendrado para ser lançado sobre as cabeças dos docentes da rede.

Dessa forma, com nossos pés firmemente plantados no chão da realidade dos fatos e com as cabeças fixas sobre os ombros pensando no futuro a partir daquele presente (e não com os pés fincados nas nuvens do ideal e a cabeça entorpecida pelo utopismo partidarista planfetário) votamos pelo fim da greve.

Acreditamos nos sonhos, valorizamos o desejo e a vontade; pois nosso metiê se utiliza de tais instâncias e mesmo as incentiva nos nossos alunos. Mas daí a agir como incautos ou certos afiliados às diretrizes partidárias vai uma distância enorme.

Evitamos e repudiamos com veemência o discurso menor das picuinhas partidárias, que atendem a interesses outros e não aos legítimos interesses dos professores da rede pública estadual. Por isso buscamos e queremos autonomia e autenticidade para descer o porrete; mas também para apontar a ação bem direcionada quando (e se) ocorrerem.

Nosso compromisso é com o professorado e com a educação pública de qualidade na rede, tudo que foge disso é gordura; é luz de holofote para mariposas e óleo para as engrenagens que giram ora para a direita e ora para a esquerda, conforme o ocupante do Palácio Laranjeiras.

Boneco, que tal uma greve hein ?
Assim, por toda a verdade exposta acima e por julgarmos que o professorado da rede estadual está correndo um sério risco de ser - mais uma vez - mal conduzido e estar servindo a interesses diversos, decidimos não aderir ao movimento.

Finalizando, fazemos votos de sucesso na empreitada aos que pensam e agem diferentemente de nós (e vivas sejam dadas a democracia por isso). Mas temos um compromisso com nossas consciências e por mais que nossa decisão se mostre equivocada em um  futuro (será?), ainda assim não poderão nos acusar de indiferentes, dúbios ou partidarizados.

* Condições Normais de Temperatura e Pressão (ou seja, tudo para dar certo).

segunda-feira, 24 de março de 2014

CHAMAMENTO

Será realizado de 26 a 29 de Março de 2014, a partir das 16h no Clube Municipal – Tijuca/RJ – o 14º Congresso do SEPE (o credenciamento para a participação no evento ocorrerá a partir das 10h nos dias 26; 27 e 28/Março).

Bom, eis aí uma boa oportunidade para nos interarmos mais sobre a atuação e perspectivas do SEPE, e assim adquirirmos maior embasamento e legitimidade na construção de reflexões sobre a atuação da entidade.

Não quero afirmar – como verdade absoluta e inquestionável – que somente aqueles que participarem terão “autoridade” para tecer críticas. Não, não é isso.

Mas, inegavelmente, grande parte dos docentes da rede está desconectada de qualquer tipo de mobilização em defesa dos interesses da classe e, além disso, é campo fértil para a semeadura de comentários pouco produtivos a respeito da atuação da entidade, bem como dos colegas mobilizados (comentários muito mais baseados em reverberações do que em experiências próprias).

Ora, também não estou negando que as críticas produzidas sejam injustas,  exageradas ou sem fundamento. Mas, estou antes afirmando que não podemos – diante do atual cenário de desprestígio da atuação docente – continuar  a dar eco a situações que enfraqueceram/enfraquecem a coesão da classe; a autoimagem do profissional e a imagem deste junto à opinião pública.

Portanto, a presença em evento tão significativo da entidade de classe (além das assembleias periódicas) é oportunidade ímpar  para a mudança dos paradigmas daqueles que permanecem enraizados nos deméritos e não nos méritos da atuação da entidade.

Cabe lembrar que todas - e reafirmo o todas -  as conquistas dos docentes são frutos das reivindicações e lutas da classe e não meros frutos da benevolência dos mandatários e gestores (sejam de “direita” ou “esquerda”) que ocuparam/ocupam o governo e a respectiva secretaria estadual.

Finalizando, queremos uma educação pública de qualidade e a valorização dos  profissionais da área, e este deve ser o amálgama; por mais que tenhamos concepções diferentes para alcançar o objetivo.

Assim sendo, a efetividade da atuação da entidade representativa de classe (no sentido de satisfazer as expectativas da classe que representa) se dá na medida em que a coesão dos representados resulte de alcance, mobilização e visibilidade compatíveis com as dimensões da categoria.

Pois em contrário continuaremos a assistir a desagregação gradual do professorado (enquanto classe trabalhadora), num movimento não mais de fora para dentro; mas sim de dentro para fora tal o grau de alienação que assola os quadros da educação pública.

sexta-feira, 21 de março de 2014

MAIS DO MESMO

Olá pessoal !

A mídia impressa publicou recentemente que a SEEDUC/RJ estabeleceu um novo pacote de benefícios aos docentes e outros profissionais que trabalham na atividade fim. O alcance dos benefícios é tão extenso que abriga até, pasmem, os... Agentes de Acompanhamento da Gestão Escolar [IGT's] e os funcionários lotados nas Diretorias Regionais !!!

Pedindo auxílio aos números temos as gritantes discrepâncias :

Docente em efetiva regência : 8% (aumento possível; mas não provável pois devemos lembrar que na verdade a proposta de aumento original era de 7%. Mas que foi elevada em um "esmolento 1%” na fatídica sessão plenária na ALERJ quando a base governista [encorajada pela desmobilização da classe docente] aprovou esse acintoso percentual);

IGT's : 11% ( "São os olhos e ouvidos do rei", assim como os fiscais reais do império persa mandados para fiscalizar as satrapias);

Coordenadores pedagógicos : 13% (Tão sacrificados quanto os docentes pois estão burocratizados pelas imposições da GIDE [numa espécie de desvio de função]. Apesar de a grande maioria tentar [sim, tentar é o termo mais acertado] dar conta de sua atribuição original ao mesmo tempo em que busca saciar a sede por prazos e índices da GIDE);

Agente de Pessoal : A gratificação de função sai de R$30,00 (!!!) para R$300,00 (enfim um pouco de coerência!!);

Assistente Operacional (coordenadores de turno) : Gratificação de R$840,00. Alguns não merecem nem R$0,1; pois "venderam a alma" e são verdadeiros alcoviteiros. Outros Merecem a gratificação porque todos nós sabemos o quanto é extenuante estar na "linha de frente" da educação pública.

Funcionários das Diretorias Regionais : Passarão a receber, assim como os professores, R$500,00 de auxílio cultura. Bizarrice para dizer [escrever] o mínimo. Esse pessoal (juntamente com os Agentes de Acompanhamento da Gestão Escolar [IGT's] e Diretores das escolas [salvo as poucas exceções]) é coautor desse crime que vem sendo praticado contra a escola e a educação pública [privilégio dos índices/resultados em detrimento do conteúdo/processo], e em especial contra o docente e seu ofício [tolhendo; amordaçando; intimidando; desestimulando e coagindo].

Outra coisa, esperamos que os Animadores Culturais (que foram preteridos desde o início do pagamento do auxílio cultura) sejam finalmente lembrados; pois se não...Não será nenhuma novidade !! Já que para a atual gestão, funcionários lotados nas regionais merecem; enquanto quem movimenta os alunos com festivais; mostras; feiras e demais atividades extraclasse não recebem um auxilio diretamente ligado à sua atividade fim.

Resumo da ópera, a SEEDUC de novo/mais uma vez joga cortina de fumaça na mídia às vésperas de uma assembleia dos docentes objetivando minar a disposição do professorado de reivindicar melhorias reais ao mesmo tempo em que visa "encantar" a opinião pública propagandeando melhorias de mise-en-scéne aos profissionais da educação do Estado do Rio de Janeiro.