Olá
pessoal !
Analisando
os dados que são apresentados pela educação estadual, a nível nacional, saímos
da penúltima posição no ranking (26ª) e chegamos a 15ª posição em curto espaço de
tempo, o que é um feito “monstruoso” visto o histórico recente da rede.
Teoricamente,
todos os professores da rede deveriam estar de parabéns pelo fabuloso – e até
mesmo – extraordinário feito na área da educação, não é mesmo ? Assim sendo,
todos os professores da rede deveriam ter sido agraciados com a famigerada
gratificação de desempenho, visto que a rede – pelos dados apresentados –
obteve resultado digno de louvor, não acham ?
No
entanto, a realidade é bem outra. Poucas unidades conseguiram atingir as metas
estabelecidas e outras tantas só foram beneficiadas com a tal gratificação por
desempenho porque houve uma mudança da regra (diga-se de passagem) no meio do
jogo. Porque se assim não fosse, iria ficar estranho/bizarro/esquisito que
quase 80% da rede não tenha conseguido “bater meta” e mesmo assim a rede tenha
conseguido tamanho resultado no IDEB.
Agora,
se esse fabuloso “salto quântico” dado pela educação estadual pode ser
traduzido em melhora na qualidade de ensino oferecido e aprendizado adquirido é
outra questão.
O
que os números mostram (sim, eles que são organizados e lidos conforme a ótica)
é que treinamos melhor nossos alunos do que os outros estados da federação que ocupam
– como nós ocupávamos há pouco tempo atrás –
as piores posições do ranking nacional.
Porque
se não for isso, o caso é bem pior e entra na esfera criminal (fraude).
Mas, escola não é lugar para treinar alunos. A escola é lugar que auxilia na educação e formação de pessoas.
Para
um simples exercício de interpretação sobre dados que são fornecidos e como
tais dados podem ser interpretados, eis dois casos tão verídicos (ou seria
incríveis?) quanto o da rede pública estadual:
Recentemente,
a Petrobrás construiu, aqui no Brasil, uma plataforma para extração de petróleo
e gás e, em seguida, “exportou” essa mesma plataforma para uma de suas
subsidiárias no exterior ao custo de uns US$ 1,9 bilhões.
No
entanto, a plataforma sequer saiu do Brasil; pois a Petrobrás vai utilizá-la na
bacia de Campos. Já que a plataforma
pertence a uma de suas subsidiárias, ela (a Petrobrás) tem todo o direito de
utilizar o equipamento (plataforma). Mas mesmo assim, o valor da plataforma foi
contabilizado como exportação brasileira e foi adicionado ao saldo positivo da balança
comercial do país (resultando em superávit).
Outro
caso. Em 1995, o governo federal criou um programa de auxílio ao sistema
bancário nacional (Proer) que consumiu 3% do PIB nacional (cerca de R$37bilhões)
tendo, como um dos argumentos, a ideia que assim seria impedido a “evaporação”
do sistema bancário e por isso era necessário investir naquele momento no
sistema para não ter prejuízo no futuro.
Na
verdade, houve foi uma espécie de “saneamento” do sistema transformando bancos
deficitários e endividados em bancos atraentes para serem adquiridos por
grandes bancos estrangeiros e bancos superavitários nacionais.
Enfim,
números foram expostos e lidos conforme o leitor ou proclamados conforme o
orador. O comum entre os dois casos expostos é que a “matéria prima” que
envolveu os casos é inanimada; de uso; bens de serviço; são quantias; são
números e não são pessoas. Pessoas,
por conta da diversidade, muitas vezes demandam tempos diferenciados para
atingirem patamares equivalentes entre si.
Portanto,
é – no mínimo – questionável tamanho avanço sob o prisma do qualitativo em tão
exíguo espaço de tempo – visto que a “matéria prima” da educação são pessoas -,
quando a realidade aponta, justamente, para a opção pelo quantitativo; pois a
realidade das salas de aula apresenta turmas cada vez maiores (superlotação);
cada vez menor autonomia tem o professor (série de portarias que engessam a
verdadeira atuação pedagógica); cada vez menor apoio pedagógico ao professor e
educacional ao aluno (burocratização das OP’s e OE’s); cada vez maior pressão e busca por
metas; insegurança do professor entre outras coisas.
Não
tenhamos dúvida, estamos presenciando um processo revolucionário na educação
estadual. Aliás, esse mote sempre foi
defendido pelos inúmeros educadores e pesquisadores acadêmicos; no entanto, certamente
os meios e os fins são muito diferentes daqueles que defendem e entendem a escola pública de qualidade.
Por
isso, uma revolução que é posta em prática sem a participação de seus maiores
artífices e dos seus principais interessados não tem legitimidade.
Os
professores da rede estadual não participam voluntariamente desse processo,
eles estão tendo a sua participação e o seu silêncio comprado pelo medo das
sanções administrativas e financeiras.
Os
alunos (e seus responsáveis) estão sendo “seduzidos” pelas facilidades e falta de compromisso com o
aprender/saber que o modelo atual oferece. Com isso a escola passa a ser
conivente com o fracasso desses alunos na vida; pois deixa de exercer um papel
fundamental na preparação desses alunos para viver em sociedade, uma sociedade
que – diferentemente da atual escola – “não passa a mão sobre a cabeça”
daqueles que não tem preparo para atuar nela.
Uma
sociedade que traz o consumo como proposta e o ter como valor de convívio
social e que é implacável com aqueles que não buscaram nos tempos de escola preparação
para a vida.
Os resultados disso, sabemos bem, são empregos de baixíssima escolarização;
subempregos; desemprego; criminalidade; miséria e uma vida marginal baseada na ausência
total de cidadania.
Finalizando, se não há professores voluntários e
nem alunos (e pais) conscientizados não há legitimidade no processo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O seu comentário passará pela Moderação e Não esqueça o seu e-mail para contato!